Desde pequenas fomos moldadas, educadas, direcionadas a nos comportar como princesas, a andar com imponência, a sorrir com delicadeza, a falar baixo, a não falar palavrão.
“Não use saia curta! Não vista calça justa! Evite decotes! Salto muito alto é vulgar! Batom vermelho é coisa de puta!”
“Menina, não engorde! Homem não olha pra mulher gorda!”
Regime é uma regra básica para a vida de qualquer mulher que preze sua auto estima. Bunda tem que ser obrigatoriamente empinada, senão estarás negando sua nacionalidade… não, não… esqueça, bunda é coisa de duas décadas atrás.
O que te inserirá agora na sociedade moderna são peitos grandes, duros e pra cima por favor. Veja aquela revista, ou, se não satisfeita, assista àquele programa de televisão. Ele mostrará a forma exata, o tamanho e a textura adequados para o padrão nacional.
Após sair da cirurgia, se nada acontecer de errado com alguma artéria estourada ou furo em lugar indevido, e se seu coração ainda enviar sangue para o seu cérebro, não vá para a casa repousar: corra para o shopping mais próximo.
Procure pelo catálogo da nova coleção e renove seu guarda roupa. (Aquele velho discurso do decote vulgar é coisa do passado!!!!)
Mas acelere! Você tem apenas seis meses até que toda essa renovação se torne obsoleta.
Assim que concluíres todas essas atividades, sente no sofá e delicie-se com a novela das oito, para assim o tempo passar e para que tenhas entretenimento na sua vida.
E enquanto seguires essa rotina, fique tranquila, pois a manutenção de seu estado letárgico está em dia e a todo vapor.
Não se preocupe em raciocinar já que essa atividade, desde o seu nascimento, nunca lhe foi exigida. Para isso, o mundo moderno, contemporâneo, promissor, já absorveu para você e em você todas as informações e ferramentas úteis que a revista Contigo, o Big Brother e a autocorreção de palavras no computador te oferecem.
Sua única preocupação, para até o fim da vida, será somente em aprimorar reiteradas vezes o futuro cadáver mais formoso do cemitério.
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